terça-feira, 13 de maio de 2008

Poesia imagética I


És prisioneiro, envolto em vestes negras que tento rasgar e arrancar
tens o pescoço envolto de frio metal que te enclausura numa masmorra
não és meu, não me és
e eu quero-te
pegas-me nos braços e levas-me ao teu peito, apertas-me de sufoco contra ti
e eu sinto a tua pele a esfregar na minha,
a roçar-me de suor, de ardor e prazer
beijas-me sofregamente
tuas vestes negras arranham-me os seios
estou nua para ti
descaio, desfaleço, tropeço nas minhas próprias vestes
toco-te
sinto-te a ergueres-te perante mim
a quereres amar-me
quero que domines este descontrolo
estas borboletas que parasitam em voo à nossa volta
a firmeza do teu corpo pesa sobre mim
a tua pele macia suaviza todos os sentidos meus
sinto-me em dimensão aparte
vou buscar um machado com que partir o açaime que te prende
vou-te libertar dessas trevas
não quero ser livre num mundo em que não estejas
se o não puder fazer, ficarei aqui
eternamente enlaçada neste beijo
neste beijo de que não desprendo
para te matar
até te faltar o ar
até me faltar a mim também o ar
e morreremos aqui
os dois
juntos
neste beijo amoroso fúnebre.

13.05.08

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